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AIDA promove Seminário online sobre Seguro Automóvel

Palestrantes abordaram o impacto das novas tecnologias embarcadas no seguro de automóvel, seguros baseado em comportamento e em uso e veículo autônomo, entre outros assuntos

Na última sexta-feira (28), o Grupo Nacional de Trabalho de Automóvel da Associação Internacional do Direito do Seguro – AIDA Brasil – realizou o seminário com o tema “O impacto das novas tecnologias embarcadas no seguro de automóvel”. O evento foi transmitido ao vivo pelo canal da associação no Youtube. Foi apresentado por Marcelo Barreto Leal, Presidente GNT Seguro Auto – AIDA, e mediado e coordenado por José Carlos Oliveira, membro do GNT Seguro Auto. Contou com as participações de Juan J. Martres, executivo da On Star GM América Latina, Paulo Umec, consultor técnico em Seguros, e José A. Ramalho, conselheiro do Observatório Nacional de Segurança Viária, como palestrantes.

Em sua fala inicial, Marcelo Barreto Leal enfatizou que o seminário dá sequência aos trabalhos que estão sendo desenvolvidos no GNT Automóvel e tratam de novas tecnologias agregadas aos veículos e seus impactos no seguro auto. “Agradeço a todos os palestrantes e ao coordenador desse fórum pelo belo trabalho. E creio que a partir das nossas discussões produziremos um grande material sobre a mudança do produto, o comportamento de seu consumidor diante desses impactos tecnológicos, que o tornam mais seguro e sofisticado e, portanto, exigem mudanças no contrato”, afirmou.

Durante sua fala, José Carlos Oliveira, que mediou o painel, ressaltou o papel atuante da AIDA.  Segundo ele, a associação está sempre atualizada em relação aos mais diversos assuntos. “Temos o prazer de trazer um pouco da visão de todo o mercado para o mundo dos advogados e isso é uma interação, uma troca muito rica e interessante”, disse.

Em apresentação, Juan J. Martres discorreu sobre o tema “O impacto das novas tecnologias embarcadas no seguro de automóvel”. Entre os principais tópicos abordados estão a evolução do carro conectado ao longo do tempo. Segundo informações compartilhadas pelo executivo, atualmente o termo ‘veículo conectado’ refere-se a aplicativos, serviços e tecnologias que conectam um veículo ao seu entorno. Um automóvel conectado possui os diferentes dispositivos de comunicação (incorporados ou portáteis), que permitem sua conectividade com outros dispositivos nele presentes e/ou a conexão do veículo a dispositivos, redes, aplicativos e serviços externos. “Com novas empresas entrando na cadeia de valor da mobilidade, a colaboração entre players específicos de veículos e o ecossistema estendido é fundamental. Nesse novo ecossistema, a infraestrutura, o 5G muda completamente a forma que interagimos entre nós. Proporcionará conexão rápida, em tempo real entre o consumidor e seus veículos”, explicou.

De acordo com o painelista, as montadoras e os grandes players do comércio eletrônico terão possibilidades de vendas de serviços digitais, produtos e alimentos, entre o trajeto e o destino do consumidor. Existem também novos jogadores nesse ecossistema, como Google, Apple, Amazon, operadoras de celulares, entre outros. Outro conceito compartilhado por Martres foi que a importância da experiência do cliente no contexto dos carros conectados tornou-se mais relevante do que nunca. Novos indicadores de performance sobre experiência do cliente, compartilhamento de carteira e lucratividade dos serviços de carros conectados impulsionarão os futuros programas de transformação. A mudança já está acontecendo e se tornará ainda mais evidente nos próximos anos. O IoT Analytics prevê que, até 2025, o número total de dispositivos IoT (internet das coisas) em todo o mundo ultrapassará 27 bilhões. Além disso, os especialistas preveem que haverá 7,2 bilhões de smartphones ativos e mais de 400 milhões de veículos conectados nas estradas durante o mesmo período. Dados apresentados pelo palestrante dão conta de que até 2023, haverá mais de 350 milhões de carros conectados nas estradas. “O que a indústria de seguros pode fazer sobre isso?”, questionou. À medida que as empresas automotivas estão introduzindo os mais recentes avanços tecnológicos, estão possibilitando novas maneiras de conhecer o comportamento do motorista. Isso é de grande importância no contexto da criação de ofertas. Mas não apenas isso. O que está em jogo é manter a posição e a competitividade na área de seguro automóvel.  

Os carros geram dados sobre sua utilização, rotas percorridas e o comportamento do motorista. A quantidade de informações coletadas dos automóveis crescerá exponencialmente, levantando uma questão fundamental, que é como os players do setor no ecossistema automotivo em evolução podem transformar os dados gerados pelo carro em produtos e serviços valiosos. Um dos pontos altos da apresentação do executivo foram os seguros baseado em comportamento (pague como você dirige) e em uso – UBI – (pague conforme você dirige), que são o futuro dos programas de seguro de carro. “Ao passo que os veículos se tornam mais inteligentes, mais conectados e automatizados, as seguradoras avaliam não apenas o comportamento do motorista, mas também o carro que ele está dirigindo. Essa análise leva em consideração, entre outras coisas, a quantidade de sistemas avançados de assistência ao motorista (ADAS), que afetam a segurança dos ocupantes do veículo, e o destino do consumidor”, revela o executivo.

No OnStar Insurance, novo programa de seguro da GM, que se baseia na condução real e utiliza algoritmos e outras tecnologias, os assinantes consentem o rastreamento de seu comportamento. Se for bom o suficiente, eles obterão melhores taxas de seguro, por meio de uma afiliada (OnStar não oferece seguro diretamente). As recompensas de taxa são determinadas por fatores como se um motorista está usando cinto de segurança ou acelera e desacelera com prudência. “Os dados confiáveis não servem apenas para melhorar a lucratividade de uma carteira de seguros, mas também para melhorar a segurança viária. As seguradoras podem oferecer incentivos que encorajem os seus clientes a melhorar continuamente o seu estilo de condução e a aumentar o seu cuidado consigo e com outros dirigindo na estrada, além de economizar”, concluiu.

Com larga vivência na proteção à vida, especialmente no trânsito, José A. Ramalho iniciou sua participação compartilhando um vídeo referente ao avanço da indústria automobilística e da tecnologia. “O carro moderno, com a estrutura de deformação programável, de autolimite elástico, com o qual os carros são construídos hoje em dia, promovem a deformação progressiva”, descreveu. Em sua visão, as tecnologias têm o objetivo exclusivo de salvar vidas, de proteger. Nesse sentido, cada vez mais os veículos irão interagir, não só com outros automóveis, mas também com o condutor. Na opinião de Ramalho, o grande desafio do veículo autônomo é a questão da infraestrutura. O veículo em si já está bastante avançado. Sobre os sistemas de segurança passiva e ativa e o assistente inteligente de velocidade (ISA), o palestrante defende que o mercado segurador deve incentivar as tecnologias, oferecendo condições diferenciadas para aqueles veículos que possuem as tecnologias. “Só assim elas serão incorporadas com maior velocidade nos veículos do País”, alerta.

Quando o assunto é tecnologia e legislação, o painelista acredita que o caminho seja criar uma legislação inteligente, que permita o avanço da tecnologia e a redução do custo da mesma, conquistando assim resultados melhores e mais rápidos no que tange a proteção da vida. O que consequentemente impacta positivamente o mercado segurador, com a redução das ocorrências. Formação de condutores e mobilidade humana, segura e sustentável, foram outros importantes tópicos contemplados por Ramalho em sua fala. Alinhadas aos 17 objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, existem 12 metas globais de desempenho para a segurança viária.

Denominada “A visão das seguradoras”, a terceira apresentação, foi ministrada pelo experiente consultor técnico em seguros, Paulo Umec. “Meu objetivo é mostrar os impactos das novas tecnologias embarcadas no seguro de automóvel no Brasil. O nosso produto tem algumas diferenças em relação ao que é comercializado em outros países. Então eu gostaria de trazer alguns insights e uma visão muito mais voltada para a segurança da vida do que das coisas”, esclareceu. As novas tecnologias embarcadas são compostas por todos os sistemas eletrônicos existentes em um veículo, que proporcionam segurança, conforto, conectividade (carro conectado), mobilidade e controle total do Automóvel. Os recursos da tecnologia automotiva são importantes para reduzir o número de vítimas do trânsito, tornar as viagens mais agradáveis e seguras, além de auxiliar quem não tem muita habilidade ou experiência ao volante. Apesar de não estar presente na maioria dos veículos em circulação devido ao alto custo, no futuro devem ganhar maior presença como ocorreu com o AIRBAG e freios ABS. “Temos avançado muito nessas tecnologias embarcadas, o que contribui fortemente para uma redução nas vítimas de trânsito”, comentou.

Fazendo um paralelo com o mercado de seguros, Umec informou que o seguro de danos corporais, com mortes no trânsito, lesões, reinserção das pessoas ao mercado de trabalho em países mais desenvolvidos, abrange 100% dos carros em circulação. No Brasil, este percentual está na faixa de 33%. E os danos causados as pessoas, quando verificados os valores de sinistros nesses países onde existe uma proteção maior do seguro contra terceiros, representam mais de 70% das indenizações. “Aqui, ele representa menos de 10%. Isso porque cresceu muito nos últimos anos. A gente vem evoluindo, mas é fato que no brasil os seguros ainda protegem muito mais as coisas do que as pessoas”, analisou.

No que diz respeito aos impactos no seguro de auto, o executivo ressaltou que quanto mais seguro o veículo é, mais ele reduz a frequência de acidentes, a intensidade dos danos corporais sofridos pelos condutores e o número de vítimas fatais do trânsito. Em contrapartida, o palestrante também pontuou o aumento do custo médio de reparação devido ao custo da tecnologia embarcada e que a possibilidade de falha nos sensores pode gerar acidentes, tornando mais difícil definir o responsável pelo acidente (fabricante ou condutor). Ao final de sua explanação, o consultor técnico em Seguros deu destaque ao assunto ‘veículo autônomo’ – a evolução dos sensores eletrônicos e câmera e seus impacto no mercado segurador e, ainda, refletiu sobre as perspectivas para o futuro. “Na minha opinião estamos bem longe ainda do tempo em que poderemos usar um veículo sem nenhuma intervenção humana”, finalizou

Assista a live completa no canal da AIDA